Rádio Nacional de Brasília AM 59 anos

No dia 31 de maio, a Rádio Nacional de Brasília completa 59 anos

 

A Rádio Nacional de Brasília AM comemora 59 anos neste 31 de maio de 2017. Ao longo desse tempo, a emissora tem levado à capital informação de qualidade, música e cultura. Neste especial de aniversário, conheça um pouco da história da rádio, seus ouvintes fiéis e a relação com as novas tecnologias.

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História

A Rádio Nacional de Brasília foi inaugurada no dia 31 de maio de 1958, quando a cidade ainda estava em construção, iniciando as transmissões como forma de apoio à nova capital do país. A emissora era um dos principais meios de comunicação dos primeiros candangos. Logo no início, a rádio começou a entrar em rede com a já veterana Nacional do Rio de Janeiro.

De acordo com a professora da Universidade de Brasília (UnB) Nelia del Bianco, a Rádio Nacional exerceu o papel de integrar, sobretudo, as pessoas que vieram de diferentes partes do país para construir a nova capital, dando a noção de coletividade que somente o rádio pode fazer pela oralidade. “A Rádio Nacional de Brasília foi a primeira emissora da cidade a dar notícias da capital, a participar da vida das pessoas enviando recados a parentes e amigos e dando notícias aos que estavam longe”, explica.

Construção de Brasília

Vista do Congresso a partir do Palácio do Planalto. Autor não identificado, 03/09/1959.
Foto cedida pelo Arquivo Público do Distrito Federal

Nas décadas seguintes, a emissora conquistou a credibilidade de uma grande prestadora de serviços para a população, em especial em Brasília e nas cidades do entorno do Distrito Federal. Em 1989, a Nacional tornou-se a geradora do sinal da Voz do Brasil.

“Isso é importante numa cidade onde predomina o rádio institucional e poucas são as emissoras próprias da cidade. Basta observar que um terço das emissoras instaladas em Brasília pertencem a instituições públicas – congresso, forças armadas, etc. O outro um terço tem vínculo com redes nacionais com poucas janelas para a programação local. Nesse ambiente, a Nacional representa a rádio tipicamente local que tem abrangência regional”, completa a professora da UnB.

Radiobrás
Radiobrás. Foto: Arquivo EBC

 

A professora Nelia del Bianco explica que o vínculo social do rádio com o modo de vida das pessoas envolve o compartilhamento de patrimônios comuns como a língua, a música, o trabalho, os esportes, as festas, entre outros. “É um espaço de reconhecimento como pertencentes a uma dinâmica cultural da cidade. O rádio se fixa como uma construção social estabelecida e faz os indivíduos se sentirem mais próximos e semelhantes. Isto se faz mais presente, especialmente nas cidades do interior, onde ainda há um sentido forte de vínculo com o local”, diz.

As transmissões via satélite começaram na década de 1990, quando a Nacional foi responsável pela transmissão da Copa do Mundo de 1994. A emissora foi a primeira a implantar um serviço 0800, em 1997, além de ter realizado a cobertura e transmissão da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, realizadas no Brasil.

O rádio e as novas tecnologias

De acordo com Nelia del Bianco, o rádio está integrado ao modo de vida da sociedade. Ao se associar ao celular, o rádio ganhou novas faces, para além das ondas hertzianas. “Presente em toda parte e agora fazendo parte de multiplataformas digitais, ele ampliou ainda mais sua capacidade de mobilidade”, afirma. A rádio Nacional de Brasília também já atua em multiplataformas. Além da antena, os ouvintes podem baixar um aplicativo disponível gratuitamente na Play Store para celulares com sistema Android, ou ainda acessar o site da Rádio Nacional onde é possível ouvir ao vivo toda a programação e ter acesso às melhores entrevistas que foram ao ar.

Luciano Barroso, locutor da Nacional, explica que mesmo com toda a tecnologia atual, o rádio ainda é um veículo veloz. “A partir do momento que um jornalista observa um ato ou uma ação ele já pode entrar no ar e relatar aquela notícia aos ouvintes, enquanto em outras plataformas isso pode levar um pouco mais de tempo”, destaca. Barroso explica que o ouvinte não se contenta em apenas ouvir o rádio: hoje ele busca mais interação. “Ele quer participar de alguma forma para dizer que ele existe”, complementa.

“O rádio não é só aquela caixinha de onde saíam as ondas sonoras e a gente ouvia uma programação previamente definida”, defende a professora Katrine Boaventura, que acredita que rádio vai além: “O rádio não está restrito apenas a propagação de ondas pela atmosfera. Rádio é uma linguagem, uma forma de nos comunicarmos”, ressalta. “Mesmo com todas as mudanças tecnológicas e com o processo de convergência, com o rádio indo para a internet e a gente hoje podendo acompanhar uma programação de rádio no telefone celular, o rádio continua existindo como uma forma de comunicação. Ele continua muito vivo nesse sentido”.

A professora conta que o podcast, especificamente, é uma possibilidade ainda pouco empregada no Brasil. Nos Estados Unidos, no entanto, já existem grandes investimentos e podcasts amplamente acessados, com uma audiência muito grande: "a gente pode pensar que essa é uma nova fronteira que a gente pode explorar para a produção de conteúdo radiofônico”, acredita. Katrine ressalta que “a limitação que existe nesse sentido seria o alcance da internet. Do ponto de vista da produção, já é mais tranquilo porque os custos foram reduzidos. Agora a gente precisa aumentar as possibilidades de veiculação desse conteúdo, com mais e mais pessoas tendo acesso à internet e podendo acessar os conteúdos de rádio”, projeta.

De acordo com Katrine Boaventura, o podcast e os conteúdos disponíveis na internet na forma de áudio mudam a lógica do rádio. “Antes eu tinha uma lógica de oferta, em que eu ligava o aparelho e escutava aquilo que a estação ou emissora tinha proposto para mim. Agora o rádio é por demanda, ou seja, eu acesso o conteúdo que eu tenho interesse em ouvir”, explica.

O site das Rádios EBC, que reúne conteúdos de sete emissoras de rádio geridas pela Empresa Brasil de Comunicação, inclusive a rádio Nacional AM de Brasília, já oferece o serviço de podcast aos internautas e ouvintes da Nacional. Clique aqui para conhecer o site.

Estúdio da Nacional
Estúdio da Nacional. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

 

“Eu acredito que essa tecnologia que a gente experimenta hoje traz muitas possibilidades para o rádio e para o papel que ele sempre teve, que é a democratização da comunicação, de chegar a todas as pessoas. O rádio sempre falou muito próximo das comunidades, nos mais diversos lugares do Brasil. Onde não se chegava a televisão e o jornal, chegava o rádio. O papel que o rádio tem hoje é continuar esse processo”, lembra a professora.

Katrine Boaventura ainda destaca que tudo isso tem um potencial muito grande para a comunicação pública, “porque o rádio pode continuar exercendo esse papel de falar para diferentes comunidades e populações, atingindo o interesse dessas pessoas muito mais do que tendo o papel de uma comunicação publicitária que chegue às pessoas, produzindo um conteúdo alinhado ao interesse público. O rádio pode chegar muito próximo às necessidades das pessoas, ele pode dar respostas ao interesse público de uma maneira muito fácil, muito acessível”.

Quem são os ouvintes da Nacional AM de Brasília?

Em toda a programação, a Rádio Nacional divulga fatos relevantes e de interesse do cidadão, leva a informação útil para o dia-a-dia da comunidade e ajuda o ouvinte a compreender melhor a realidade que o cerca.

A Pesquisa de Monitoramento de Audiência da EBC aponta que 58% dos ouvintes da Rádio Nacional de Brasília AM são homens e 42%, mulheres. Os dados se referem ao período entre janeiro e abril de 2017.

Confira o depoimento do ouvinte Francisco Torres:

Neste período, a faixa etária que mais sintonizou na Rádio Nacional de Brasília AM foram as pessoas de 40 a 49 anos (29%), seguidos dos mais jovens, de 30 a 34 anos, e dos mais velhos, de 50 a 59 anos, ambos com 17% da audiência. Os jovens de 15 a 29 anos formam 16% da audiência, enquanto os maiores de 60 anos somam 9% do público. Os 12% restantes são formados pela faixa etária de 30 a 34 anos.

Confira o depoimento da ouvinte Diva Azevedo:

De acordo com a pesquisa, 81% dos ouvintes pertencem à classe econômica AB. As classes C e D juntas formam 18% da audiência. Os dados mostram ainda que 56% dos ouvintes da Nacional de Brasília possuem ensino superior completo.

Uma ouvinte especial

Uma das ouvintes mais fieis da Rádio Nacional AM de Brasília foi Dona Lourdes Martins. Mineira nascida em Porto Firme, escolheu Brasília para morar com a família na construção da capital. Acompanhava diariamente a programação da rádio. Dona Lourdes retribuía com muito carinho a companhia que recebia das ondas da Nacional. De ouvinte, passou a ser amiga de parte dos funcionários e recebia constantemente em sua casa a visita de locutores, produtores e repórteres, sempre com um café e pão de queijo quentinhos.

Dona Lourdes se despediu da vida no dia 18 de abril de 2017, aos 76 anos, deixando saudades entre os amigos da Rádio Nacional.

Confira o depoimento da ouvinte Lourdes Martins Soares (em memória):

 

Programação de aniversário

Para comemorar esses 59 anos de história, a emissora preparou para os ouvintes uma programação especial. Historiadores, comunicadores, políticos e artistas falarão sobre a relação da emissora com suas trajetórias e as contribuições da rádio para a cidade.

A festa também reserva um presente especial: a inauguração da exposição “A Voz do Coração do Brasil”, que traz a recriação de um estúdio da Rádio Nacional dos anos 1970/1980. A exposição mobilizou várias áreas da EBC, que, desde o início deste ano, trabalharam em pesquisas, buscas e recuperação da história da emissora e restauração de equipamentos da época.

Confira depoimentos dos funcionários que ajudaram a construir essa história:

A gerente da Rádio Nacional, Rejane Limaverde, fala sobre a voz da mulher na Rádio:

 

O sonoplasta Messias Melo fala sobre a evolução no ato de fazer rádio:

 

O operador de áudio Willians Mar da Silva, também conhecido por "Peruca", fala sobre a Nacional: 

O gerente executivo das Rádios, Valter Lima, fala um pouco da história da Nacional e sobre a evolução tecnológica do fazer rádio:

29 de Maio, 2017

Expediente:

Reportagem: Líria Jade e estagiária Larissa Galli

Vídeos: Líria Jade

Foto da capa do especial: JK e operários na construção do Palácio do Planalto. Mário Fontenelle, década de 1950. Foto cedida pelo Arquivo Público do Distrito Federal

Edição: Ligya Maria e Ana Elisa Santana

Implementação: Ligya Maria, Líria Jade e Ana Elisa Santana

Gerência de Estratégia de Publicação: Liliane Farias