Melhorar a saúde pública é desafio para próximo presidente
A saúde pública é tema da série especial dos veículos EBC sobre os desafios do novo presidente da República, que será escolhido em outubro deste ano. O debate se volta sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) criado pela Constituição de 1988. O modelo brasileiro é reconhecido internacionalmente, mas enfrenta uma série de obstáculos abordados neste especial.
Falta de saneamento gera custo de R$ 100 mi ao SUS
A sobrecarga de internações hospitalares no SUS está relacionada com a falta de saneamento básico. De acordo com dados do Ministério da Saúde, ao todo, foram 263,4 mil internações. O número ainda é elevado, mesmo com o decréscimo em relação aos casos registrados no ano anterior, quando 350,9 mil internações geraram custo de R$ 129 milhões.
Os próximos governantes terão como desafio universalizar o tratamento de esgoto para toda a população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada dólar investido em água e saneamento resultaria em uma economia de US$ 4,3 em custos de saúde no mundo.
A reportagem da Agência Brasil se aprofundou sobre como essa cifra impacta no sistema como um todo:
Esgoto tratado reduz índice de doenças no Triângulo Mineiro
Os repórteres Pedro Rafael Vilela e José Cruz, da Agência Brasil, passaram três dias na do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, e relatam como investimentos públicos realizados ao longo dos últimos 15 anos fizeram com que indicadores como distribuição, tratamento e coleta e água e esgoto disparassem em relação à média nacional.
Com praticamente 100% de esgoto tratado, Uberlândia se destaca em saneamento básico. José Cruz/Agência Brasil
Atualmente, Uberaba e Uberlândia possuem, respectivamente, 98,5% e 98,7% do esgoto coletado e tratado. O serviço só não chega às regiões rurais mais remotas dos municípios, que são atendidas, em geral, por fossas sépticas. Para se ter uma ideia, apenas 44,92% dos esgotos em todo o país passam por tratamento.
Na prática, significa que 55% desses resíduos de água contaminada são lançados diretamente na natureza, principalmente nos rios e nas águas do mar.
Conheça mais sobre modelo de saneamento do Triângulo Mineiro:
Para financiar a rede de atendimento do SUS, a pasta da Saúde tem o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios. A previsão no Orçamento Geral da União é de R$ 130,2 bilhões, sendo R$ 119,3 bilhões para ações e serviços públicos. Para entender esses e outros números, a Agência Brasil criou um infográfico com os dados do Info SUS 2018.
Apesar das dificuldades em se obter os recursos necessários, o Ministério da Saúde vê no SUS áreas de referência mundial. Somente em 2017 foram realizados 3,9 bilhões de atendimentos na rede credenciada.
No entanto, quem está na ponta do sistem reclama de subfinanciamento da saúde pública:
O Hospital Geral de Palmas, capital do Tocantins, é uma das unidades públicas de saúde que enfrenta várias dificuldades. Na última visita da Defensoria Pública do Estado faltavam oxímetros, aparelhos que medem o nível de oxigênio, alguns medicamentos e os pacientes esperavam meses para realizar cirurgias. Conheça os problemas mais comuns desse e de outros hospitais pelo Brasil:
Programa em Goiás leva atendimento de saúde às comunidades rurais
Distante 420 quilômetros de Goiânia, Mineiros é um dos maiores municípios do estado de Goiás em extensão territorial. Para levar atendimento a essas comunidades, caravanas com médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, assistentes sociais e técnicos da área da saúde percorrem a zona rural do município.
O programa Cultivando Saúde, desenvolvido pela rede pública de Mineiros, é apontado pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), como uma referência de práticas bem-sucedidas do SUS e foi premiado na edição deste ano da mostra Brasil, Aqui Tem SUS.
“Amaturá eu fui daqui de Manaus até lá de barco, de lancha rápida, 36 horas. Depois que eu cheguei lá, a gente foi 4 horas de lancha pequena até a comunidade indígena.”
Essa história poderia ser sobre a saga de Hortemar, técnico de informática, ou de várias outras pessoas que, adoentadas ou não, precisam ir e vir de lugares quase inacessíveis do Brasil.
Para chegar à capital do Amazonas, Manaus, somente usando um barco: 4 dias pra ir. Sete pra voltar, por causa da correnteza. Avião também faz a viagem, mas o preço é inacessível para a maioria dos moradores da cidade. Junto a difícil lomomoção, se agravam os problemas na região norte do país:
A equipe da TV Brasil também acompanhou de perto o drama de quem depende da saúde pública no Brasil, ouviu especialistas e mostra que, apesar das dificuldades, há modelos de atendimento e gestão que ajudam a salvar vidas. Veja mais:
Apesar da grave situação dos hospitais públicos por todo Brasil, o Hospital da Criança de Brasília, especializado no tratamento do câncer, é um exemplo de bom atendimento. Lá, médicos, pacientes, enfermeiros e familiares experimentam um sistema que privilegia a saúde humanizada. Confira na reportagem especial da TV Brasil:
Conheça uma experiência que ajuda a superar as distâncias na Amazônia e leva mais saúde às comunidades indígenas e ribeirinhas. É a tecnologia encurtando os caminhos e salvando vidas. Assista ao vídeo da reportagem: