Início
No dia 12 de setembro de 1936, entrava no ar a Rádio Nacional. O projeto da Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande teve início três anos antes, em 1933, quando foi constituída a Sociedade Civil Brasileira Rádio Nacional. O grupo adquiriu a sede do grupo que editava o jornal A Noite, que abrigou a emissora por 77 anos. O edifício histórico tem até hoje o nome do antigo jornal e é tombado Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Anunciada com os acordes de “Lua do Sertão”, a Nacional abriu a programação esportiva com a transmissão do seu primeiro Fla x Flu, narrado por Oduvaldo Cozzi.
O primeiro time da Rádio Nacional era composto por nomes como o maestro Radamés Gnatalli, o professor de ginástica Osvaldo Diniz Magalhães, a locutora Ismênia dos Santos, as cantoras de samba Marília Batista e Aracy de Almeida, o compositor Lamartine Babo, e intérpretes de canções brasileiras como Orlando Silva e Nuno Roland, entre outros. Passaram por lá ainda outros músico como Caubi Peixoto, Herivelto Martins, Carlos Galhardo, Francisco Alves, Sílvio Caldas, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira e Marlene.
A emissora também seria o berço de grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Paulo Gracindo, Henriquieta Brieba, Virginia Lane, Rodolfo Maia, Mario Lago, Isis de Oliveira e Janete Clair. A Nacional deu início às transmissões de radioteatro três meses após a inauguração.
Segundo o livro "Por trás das ondas da Rádio Nacional", de Miriam Goldfeder, a incorporação da emissora ao patrimônio da União em 8 de março de 1940 - durante o governo de Getúlio Vargas - deu condições que a levaram a ser o grande fenômeno de expressão da cultura popular brasileira e uma das cinco maiores rádios do mundo à época.
Em 1941, foi lançada a primeira história-seriada do rádio brasileiro chamada "Em busca da felicidade", de autoria do cubano Leandro Blanco. No elenco estavam nomes como Zezé Fonseca, Iara Sales, Rodolfo Maier, Isis de Oliveira, Floriano Faissal, Saint Clair Lopes e Brandão Filho.
No mesmo ano, em 28 de agosto, surge o Repórter Esso. Com o slogan “O primeiro a dar as últimas”, o programa inicialmente não tinha um apresentador exclusivo. Mais tarde, em 1944, Heron Domingues se tornou sua voz oficial. Havia tanta credibilidade do público que considerava-se que a informações só eram de fato legitimadas quando iam ao ar no Repórter Esso.
Com seis estúdios e uma agenda de programação ao vivo, em 1942 o famoso auditório com 496 lugares da emissora foi inaugurado no 21º andar do Edifício A Noite. Era ali que programas, apresentadores, cantores e artistas podiam sentir a vibração do público que lotava o lugar.
Em entrevista recente à emissora, o compositor João Roberto Kelly, autor de inúmeras marchinhas carnavalescas, contou que "o auditório da Nacional era o verdadeiro termômetro das marchinhas. Se o público aprovasse a música lá, com certeza ela ganharia as ruas".