Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Os jovens que vão participar da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, insistem em acampar no Aterro do Flamengo, zona sul da cidade. No aterro, argumentam que terão mais visibilidade social, além da facilidade de ficar próximo dos locais de debates dos dois eventos. Também há um motivo histórico: o Aterro do Flamengo recebeu, há duas décadas, o acampamento do Fórum Global, durante a Conferência Rio 92.
O assunto faz parte dos debates do Enlace das Juventudes, que começou ontem (20) e prossegue até amanhã (21), no Rio, e que reune representantes de vários estados e países, membros do Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20. Representantes de organizações não governamentais ligadas à juventude não querem acampar na Quinta da Boa Vista, que fica na zona norte da cidade e que foi escolhida pela prefeitura do Rio para receber os acampamentos.
Para o estudante e membro da Rede da Juventude pelo Meio Ambiente (Rejuma) Adenevaldo Teles Júnior, a presença dos jovens – a maioria estudantes – no Aterro do Flamengo vai garantir maior integração dos participantes com a sociedade, além de facilitar o acesso aos debates, marcados para ocorrer em uma área próxima ao Museu de Arte Moderna (MAM).
“Estamos em busca de um espaço que garanta voz à juventude. Mas, infelizmente, não percebemos uma garantia para que os jovens se façam presentes. Estão querendo abafar nossa mobilização. O Aterro do Flamengo é um local muito mais visível. Temos esperança de que a decisão da prefeitura [de levar o acampamento para a Quinta da Boa Vista] seja revertida. Nós temos experiência de acampamentos com até 8 mil pessoas e conhecimento suficiente para dizer que vai dar certo”, disse Teles Júnior.
A estudante de geografia Camila Mello, que faz parte do comitê organizador da Cúpula dos Povos, também criticou a decisão de levar o acampamento para a zona norte do Rio. “É muito ruim porque fica distante da cúpula e as pessoas virão com dinheiro contado para gastar com transporte. Estar próximo da cúpula facilita muita coisa, como a locomoção e a articulação política”.
Ela também reclamou da falta de dinheiro público para financiar a presença dos movimentos sociais. “A Cúpula dos Povos optou por não receber dinheiro da iniciativa privada, para termos um espaço mais autônomo. Estamos esperando o financiamento do governo, que poderá chegar em cima da hora, o que vai dificultar muito nossa organização”, disse Camila.
Também participam do Enlace das Juventudes, no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Praia Vermelha, representantes de outros países. Para a romena Diana Tircomnicu, recém-formada em administração de empresas e inovação, o objetivo é garantir um papel de destaque para os jovens durante a Rio+20. “Queremos ser ouvidos, ser protagonistas. Essa crise é social e econômica, mas também é da juventude, que tem um papel importante para solucionar o problema. Temos que ser ativos, não podemos deixar que as coisas sejam determinadas pelos outros”, disse a romena.
A francesa Clotilde Tronquet, estudante de ciências políticas, lembrou que as lutas dos jovens são as mesmas da dos demais cidadãos. “Os estudantes têm que se unir aos demais movimentos globais, formando uma só rede. Quem não puder estar presente aqui, vai estar conectado pela internet”, disse Clotilde.
Edição: Vinicius Doria