Da Agência Brasil
Cerca de 80 índios de várias etnias visitaram hoje (17) a quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, em Ramos, na zona norte da cidade. O objetivo do encontro, promovido pela prefeitura do Rio, foi a integração cultural e artística, além de apresentar aos índios a história do samba.
Em troca, os índios presentearam o Cacique de Ramos com uma tora de cerca de 140 quilos, que faz parte de uma dança indígena, e ficará ao lado da tamarineira, árvore símbolo do bloco carnavalesco, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro.
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Os índios estão na cidade para participar das discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que termina no próximo sábado (23). Eles estão instalados na Aldeia Kari-Oca, montada na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade.
Durante a cerimônia, o líder da aldeia, Marcos Terena, informou que a Carta Indígena da Kari-Oca 2012, que contém recomendações a respeito da economia verde, sustentabilidade e a necessidade de demarcação dos territórios indígenas, será anunciada amanhã (18) por volta do meio-dia. De acordo com Terena, esse horário foi escolhido em virtude dos costumes indígenas.
“Ela [a carta] está sendo debatida hoje, com os últimos acertos lá na Aldeia Kari-Oca. Hoje à noite ela vai ser abençoada em uma cerimônia especial e amanhã (18), ao meio-dia, a gente vai anunciar, porque o Sol tem muito a ver com a espiritualidade que estamos trazendo aqui para o Rio de Janeiro”, disse.
Segundo Terena, em meados do próximo ano, o Rio de Janeiro sediará os primeiros Jogos Mundiais Indígenas, dos quais participarão 12 países, com disputas em modalidades tradicionais, como futebol e remo. “Temos a responsabilidade de organizar como uma resposta ao modelo de Olimpíada, que é essencialmente competitiva, porém, queremos aos povos indígenas que o mais importante é a celebração. A competição existe, mas ela não menospreza o segundo lugar”, completou.
Pela primeira vez no Rio de Janeiro, um dos líderes da tribo indígena Kayapó, do estado do Pará, Bepkarunhti, contou que ficou emocionado ao conhecer a quadra da escola. “É muito emocionante ter encontrado o Cacique de Ramos. Fico muito feliz em poder trazer meu povo para conhecer a escola de samba, saber como é feito o carnaval.”
Para outro líder indígena, o cacique Raoni Pataxó, originário da Bahia, a questão ambiental é a mais importante na carta. Segundo ele, o território indígena está sendo ocupado pelos investimentos de grandes empresas. “Queremos colocar nossas decisões, nosso ponto de vista na Rio+20. Sabemos o que é bom para nós, e não são aquelas pessoas que estão no poder que vão falar por nós. Queremos tomar as nossas decisões e que elas sejam respeitadas pelos representantes de outros países”, afirmou.
De acordo com o presidente do bloco, Ubirajara do Nascimento, a chegada dos índios tem grande importância para a história do Cacique. A escolha de um cacique como símbolo do bloco foi uma forma de homenagear os índios brasileiros, disse ele. “O índio brasileiro porque ele precisava ser mais notado, mais procurado. As influências culturais desse povo são muito importantes em toda a história do Brasil. Então, eles [os índios] são pessoas pelas quais temos um respeito tremendo por tudo o que representam para o brasileiro.”
Durante a visita à quadra do bloco, os índios realizaram seus rituais de dança e mostraram peças de artesanato às cerca de 50 pessoas que acompanharam o encontro, do qual participou também o prefeito Eduardo Paes.
Acompanhe a cobertura multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Rio+20.
Edição: Nádia Franco