O movimento das mulheres na Rio+20 recebeu com contrariedade a verrsão final do texto apresentado ontem pela madrugada na Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável. O principal problema foi a retirada das referências aos direitos sexuais reprodutivos, já presentes nas negociações de Cairo (1994) e Beijing (1995). As militantes alegam que existiu pressão do Vaticano e de outros países com orientação religiosa.
A coordenadora do Cladem Brasil (Comitê Latino-Americado de Mulheres), Tamara Gonçalves, afirma que a perspectiva das mulheres deve fazer parte das negociações e que há uma tentativa de enfraquecimento dos direitos no texto. “Sem direitos das mulheres não há direitos humanos”, diz.
Para Beatriz Galli, assessora de políticas para a América Latina do Ipas, considera inaceiutável a retirada dos direitos reprodutivos do documento negociado pelo Brasil. Segundo ela negociadores cederam a pressões do Vaticano em consensos internacionais que já foram negociados. “Temos de avançar em direitos e não retroceder em direitos já conquistados”.
Em entrevista coletiva na tarde de terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que a retirada do termo foi uma frustração, mas se justificou: “o Brasil não pode confundir suas ambições com o seu papel de negociador na Conferência”.