por Renata Giraldi
Divididos em sete grandes grupos, os negociadores da Conferência das Nações Unidas sobre Sustentabilidade, a Rio+20, intensificam a partir de hoje (14) as articulações em busca de um acordo sobre o documento final a ser assinado pelos 115 chefes de Estado e de Governo, que se reúnem de 20 a 22 de junho. De acordo com alguns negociadores, apenas um quarto do texto tem consenso. As divergências vão desde a definição de metas até a criação de um fundo para garantir sustentabilidade.
Teoricamente, os negociadores têm até o dia 19 para resolver o impasse. O principal obstáculo se refere à definição dos chamados Objetivos do Milênio a partir de 2015. Essas metas, em termos consensuais, devem valer para todos os países envolvidos nas negociações. Não bastam metas gerais, como disposição de erradicar a pobreza e a fome, assim como incentivar o desenvolvimento sustentável, é preciso avançar no detalhamento.
Os detalhes a respeito dos vários aspectos sobre o desenvolvimento sustentável, o uso adequado de tecnologias e a energia verde são alguns dos aspectos que dificultam o fechamento de acordos entre aqueles que representam os 193 países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU) e se dizem empenhados em melhorar a qualidade de vida no planeta.
Há, ainda, a pendência sobre a proposta, defendida pelo Brasil e por vários países de economias em desenvolvimento, como a China, para a criação de um fundo de incentivo ao desenvolvimento sustentável, que começa com US$ 30 bilhões a partir de 2013, mas pode chegar a US$ 100 bilhões. O Canadá, os Estados Unidos e vários países se opõem a essa proposta.
Sem acordo, a tendência é que as negociações denominadas Diálogos da Sustentabilidade sigam até o próximo fim de semana, às vésperas da chegada dos chefes de Estado e de Governo. Questões externas à Rio+20 influenciam diretamente as negociações na conferência no Rio de Janeiro. Os europeus estão preocupados com o agravamento da crise na zona do euro – que atinge principalmente a Grécia, a Espanha, a Itália, a Irlanda e Portugal – e tentam evitar que as dificuldades internas se ampliem a tal ponto de atrapalhem mais ainda o cenário econômico da região. Paralelamente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, um dos ausentes da conferência, está em plena campanha por sua reeleição, em novembro.
No entanto, no Rio, os negociadores de todos os países tentam buscar expressões e termos que atentam a todos e, assim, fechar o documento final para a cúpula dos chefes de Estado e de Governo na próxima semana. Fechados em salas, nos pavilhões do RioCentro, no qual ocorre a conferência, eles buscam excluir as polêmicas para negociar os acordos.
Edição: Lílian Beraldo