Por Isabela Vieira
Organizações da sociedade civil esperam ter mais informações, por meio da nova Lei de Acesso à Informação, sobre empresas e projetos que recebem financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A lei vigora desde o mês passado e obriga órgãos públicos a divulgar dados sobre sua atuação e gastos.
Uma manifestação com centenas de pessoas segue em direção ao BNDES, no centro do Rio. Elas protestam contra empréstimos a projetos que afetam o meio ambiente, como as usinas hidrelétricas na Amazônia e frigoríficos “que usam bois criados em áreas de desmatamento”, segundo o Movimento Brasil pelas Florestas, um dos organizadores.
Em entrevista à Agência Brasil, o representante da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Ivo Lesbaupin, criticou a dificuldade de acesso aos dados do BNDES. “Temos muito esperança com a Lei de Acesso à Informação. Até hoje, a gente não sabia e o BNDES não fornecia [o nome das] as empresas financiadas, o montante e as condições do empréstimo”, disse.
O representante do Fórum Brasileiro de ONGS e movimentos sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMs), Marcelo Cardoso, acrescentou que o BNDES precisa adotar indicadores claros e eficientes de sustentabilidade. “Não é desenvolvimento pelo desenvolvimento”, declarou o ativista. Para ele, é preciso assegurar o retorno socioaambiental da obra.
“A grande questão são os indicadores. Os financiamentos carecem dessa garantia. A gente tem que saber se essas obras terão efetivo retorno para pequenas populações, para as populações mais atingidas pelo projeto, e colocá-los [os indicadores] em prática no financiamento das corporações”, completou Cardoso, durante entrevista na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo.
Amanhã (19), o FBOMs vai apresentar uma avaliação sobre as negociações do documento que deve sair das discussões da Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, no Riocentro, com uma série de compromissos dos governos. Dois representantes que participam das negociações farão o balanço na Cúpula dos Povos, logo no início da manhã desta terça-feira.
Edição: Lana Cristina