Era uma vez um sonho...
Os atletas paralímpicos viveram em setembro de 2016 um verdadeiro sonho: disputar os Jogos no Brasil. Com um número recorde de medalhas e a oitava posição na classificação final, os esportistas brasileiros ganharam um destaque que, no entanto, ainda não foi revertido em mais patrocínios, segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). E, desde o ano passado, os atletas enfrentam um novo problema: o bloqueio de Bolsa Atleta, devido a uma alteração na lei que afirma que o Ministério do Esporte precisa recolher a contribuição previdenciária. No entendimento do INSS, quem já recebia algum benefício não teria direito de receber o Bolsa Atleta, fundamental para a preparação dos atletas, que investem o dinheiro em academia, viagens e alimentação.
Recordes e 72 vezes no pódio
Uma delegação recorde com quase 290 atletas e disputando 22 modalidades. A participação do Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro entrou para a história não só pela quantidade de atletas, mas também pelo número de medalhas conquistadas. Os 72 pódios conquistados (14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze) deixaram o país na oitava posição no quadro de medalhas.
Não foram somente os esportes em que existiam tradicionalmente mais vitórias, como o atletismo, judô e a natação, que tiveram um bom resultado. O Brasil também conquistou medalhas inéditas no vôlei sentado feminino, no ciclismo, no halterofilismo e na canoagem. Além disso, 11 brasileiros quebraram recordes nos Jogos.
Equipe 400 metros livres medalha de prata nos Jogos do Rio 2016. Foto: Marcelo Sá/MPIX/CPB
Investimentos durante o último ciclo paralímpico não faltaram. Com a competição dentro de casa, os atletas contaram com a ajuda do Governo Federal através da Bolsa Atleta e mantiveram o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), além de patrocínios pontuais. Um dos maiores legados para os atletas foi o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. Foram R$ 187 milhões em recursos federais para a construção do local que contempla 15 modalidades. “Essa, sem sombras de dúvidas, é uma obra que vai ficar para toda a comunidade Paralímpica. A gente vai conseguir melhorar o nível de formação dos nossos atletas, a qualidade de treinamento dos nossos atletas e, consequentemente, a alta performance”, declarou Edilson Alves, o Tubiba, diretor-técnico do CPB.
Com a realização dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro, os atletas vivenciaram a torcida do público brasileiro, um legado intangível. “A mudança de percepção na sociedade, o reconhecimento da pessoa com deficiência, o reconhecimento do atleta com deficiência, a consolidação de um ídolo como Daniel Dias, que passou a ser um ídolo para o Brasil todo, a discussão do esporte paralímpico nas escolas, a discussão do esporte para pessoas com deficiência nos bares, nas esquinas, em qualquer lugar, como se discute qualquer outro esporte, é sem sombra de dúvidas o nosso maior legado”, acrescentou Tubiba.
Quando foi anunciado que os Jogos Paralímpicos seriam no Rio de Janeiro, o CPB decidiu apostar em uma geração de novos atletas, que começaram a apresentar resultado antes mesmo da competição no Brasil. “A gente criou uma seleção de jovens já para que a gente tivesse um legado. A gente sempre se preocupou e trabalhou na nossa renovação”, acrescentou Tubiba. Essa nova geração, com o apoio do CPB, conquistou medalhas para o Brasil já na Rio 2016, como foi o caso da judoca Alana Maldonado e da velocista Verônica Hipólito. Mas, com o novo ciclo olímpico, os atletas enfrentam o desafio de se preparar para os Jogos de Tóquio com a perspectiva de menos recursos disponíveis.