Caminhos da Reportagem traça panorama sobre os cinco anos da Covid-19

10/03/2025
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16:00
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Cinco anos depois do início da pandemia que marcou o mundo, o Caminhos da Reportagem discute os efeitos que perduram até hoje e relembra a chegada da Covid no Brasil e no exterior. A edição inédita da produção com o título "Covid-19: entre ausências e memórias" é apresentada pela TV Brasil nesta segunda (10), às 23h.

O programa traz as histórias de famílias que perderam entes queridos e destaca o trabalho de profissionais em busca do tratamento da doença. A atração jornalística ainda aborda a resistência à vacinação impulsionada pelas fake news. O conteúdo pode ser acompanhado no app TV Brasil Play e fica disponível no YouTube da emissora pública.

Primeiros casos no exterior

Janeiro de 2020. O mundo assistia, ainda sem entender direito, à propagação de uma nova doença. Na China os casos se multiplicavam e os primeiros registros de mortes chegavam. Rapidamente a Covid-19 começava a se alastrar por vários países: Itália, Espanha, Estados Unidos. Os países decidem pelo lock down, isto é, pedir para que as pessoas ficassem em casa e que apenas serviços essenciais fossem mantidos.

Enquanto isso, em fevereiro de 2020, o Brasil se preparava para mais um carnaval. Como se a ameaça ainda estivesse muito distante. No dia 26 de fevereiro de 2026 o país confirma o primeiro caso de Covid-19. No dia 12 de março, a primeira morte também é registrada:  a empregada doméstica Rosana Aparecida Urbano, de 57 anos.

A médica infectologista Mirian Dal Ben relembra. "Eu me lembro de andar pela rua, vindo para cá a pé e a rua completamente vazia. E no hospital, aquela sensação de um tsunami que estava chegando, com muita gente chegando (em estado) bastante grave", afirma.

Andrea Barcelos e o filho Eric agora podem se abraçar / Crédito: Divulgação / TV Brasil

No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo enfrentava uma pandemia. Andrea Barcelos é enfermeira e trabalhava em um hospital. De um dia para o outro, os casos começaram a dobrar. "Eu me lembro que a gente começou a receber mais casos, não era mais um, dois, três. Eram dez, quinze. Chegou um momento que a gente não tinha mais máscara", recorda.

Calamidade no Amazonas

Em dezembro de 2020, quando os casos continuavam se multiplicando no Brasil, o estado do Amazonas começou a enfrentar a falta de oxigênio. O que se intensificou nos primeiros meses de 2021. Dinne Leão vê o pai ser contaminado. "Meu pai era uma pessoa tão saudável que eu acho que ainda existia aquele mito de que talvez só os mais idosos", destaca.

Aos 76 anos, Gerson Leão dá entrada em um hospital de Manaus com mais 70% do pulmão comprometido. Depois de um mês de internação, acaba morrendo. "Eu saía correndo no corredor, chamando a enfermeira, oxigênio muito baixo. Ela fazia a reanimação e ele voltava. Eu me perguntava: 'por que comigo? Por que com o meu pai?' E ao mesmo tempo eu pensava: 'mas não é só comigo, é com o meu pai e também todo o mundo está passando por isso'", lembra.

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Para a professora de Saúde Pública da USP, Deyse Ventura, o que aconteceu na capital do Amazonas foi um crime. "Manaus é um dos muitos episódios que, na nossa memória, passados quase cinco anos, pode ser interpretado como incompetência e nós estamos aqui para lembrar que não foi negligência e nem incompetência, foram crimes que tiveram cúmplices", enfatiza.

Em abril de 2021, o Brasil registrou mais de 4 mil mortes diárias. Andrea conta que durante todo este período teve que redobrar os cuidados para não contaminar seu filho único, que vivia com ela. O jovem fala sobre o distanciamento social. "Foram longos meses evitando contato físico. Mas finalmente a gente conseguiu se abraçar de novo", diz Éric Barcelos, filho de Andrea.

E não era só nos hospitais que o medo era companheiro constante dos trabalhadores. O sepultador Luciano Teresin não queria contaminar a família: "Eu fiquei com medo de levar a morte para casa. Levar a morte para a minha esposa, de levar a morte para minha filha, de levar a morte para os meus irmãos", comenta.

Wilker Paes foi sepultador no Cemitério Vila Formosa / Crédito: Divulgação / TV Brasil

Já o companheiro de profissão de Luciano, Wilker Paes, relembra que os enterros foram liberados para acontecer no período noturno. "Começou a vir um carro, às cinco da tarde, aí outro às seis, outro sete. Chegou oito horas da noite e, mesmo com a escuridão do cemitério, nós continuávamos nosso trabalho", diz.

Esperança com a vacina

Foi também em 2021 que o Brasil viu chegar a grande esperança: a vacina. O diretor-geral de Bio-manguinhos/Fiocruz, Maurício Zume, afirma que a produção do imunizante em tão pouco tempo foi graças ao empenho de todos os profissionais da ciência em todo o mundo.

"Foram seis meses, aproximadamente, que nós levamos. Um processo desse normalmente leva anos. Em seis meses nós conseguimos internalizar essa tecnologia e iniciar o processo de produção a partir de um IFA importado. E em julho de 2021 nós incorporamos também a produção do IFA. Então começamos a produzir a vacina totalmente aqui nas nossas instalações", pontua. 

Maurício Zume, Diretor-Geral de Bio-Manguinhos-Fiocruz / Crédito: Divulgação / TV Brasil

Mas o que era para ser comemorado, até hoje enfrenta uma resistência impulsionada pelas fake news. Prova disso é que apenas 30% de crianças com até cinco anos de idade e de idosos com mais de sessenta anos completaram o esquema vacinal contra Covid. 

A pesquisadora Ana Regina Barros Rêgo Leal, da Rede Nacional de Combate à Desinformação, afirma que "coisas que historicamente, que na história das pandemias, nunca foram contestadas, passaram a ser contestadas nesse momento, sobretudo com um incremento muito maior. E houve uma apropriação e isso foi levado para dentro das próprias instituições", afirma. 

Ficha técnica
Reportagem: Ana Graziela Aguiar
Apoio à reportagem: Ana Maria Passos
Produção: Acácio Leal e Ana Graziela Aguiar
Apoio operacional à produção: Lucas Cruz
Reportagem cinematográfica: JM Barboza
Apoio à reportagem cinematográfica: Gabriel Penchel
Auxílio técnico: Eduardo Domingues, João Batista de Lima, Jone Ferreira e Rafael Carvalho
Colaboração técnica: Caio Araújo
Edição de texto: Ana Graziela Aguiar
Apoio à edição de texto: Carina Dourado
Edição e finalização de imagens: Rodrigo Botosso
Pesquisa de Acervo EBC-SP:
Fábio de Albuquerque
Assessoria:
Maura Martins
Artes:
Aleixo Leite, Caroline Ramos e Wagner Maia
Trilha sonora original:
Ricardo Vilas 

Sobre o programa 

Produção jornalística semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de pautas especiais, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos. 

No ar há mais de uma década, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do canal, como também da televisão brasileira. Para contar grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada assunto. 

Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única. As matérias temáticas levam conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública. 

Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado é reconhecido com diversas premiações importantes no meio jornalístico. 

Exibido às segundas, às 23h, o Caminhos da Reportagem tem horário alternativo na madrugada para terça, às 4h30. A produção disponibiliza as edições especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pública em https://www.youtube.com/tvbrasil. As matérias anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site http://tvbrasilplay.com.br

Ao vivo e on demand 

Acompanhe a programação da TV Brasil pelo canal aberto, TV por assinatura e parabólica. Sintonize: https://tvbrasil.ebc.com.br/comosintonizar

Seus programas favoritos estão no TV Brasil Play, pelo site http://tvbrasilplay.com.br ou por aplicativo no smartphone. O app pode ser baixado gratuitamente e está disponível para Android e iOS. Assista também pela WebTV: https://tvbrasil.ebc.com.br/webtv

Serviço
Caminhos da Reportagem – segunda-feira, dia 10/3, às 23h, na TV Brasil
Caminhos da Reportagem – segunda-feira, dia 10/3, para terça-feira, dia 11/3, às 4h30, na TV Brasil

Site – https://tvbrasil.ebc.com.br
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