Considerado um dos músicos brasileiros mais respeitados no exterior, o instrumentista Hamilton de Holanda é o convidado do programa Conversa com Roseann Kennedy desta segunda (10), às 21h30, na TV Brasil. No bate-papo informal com a jornalista, ele resgata o início da carreira, conta como decidiu seguir trajetória no meio artístico e analisa a importância do choro e do samba em sua formação musical.
Hamilton recorda que aprendeu a tocar antes de ser alfabetizado. O artista alcançou projeção tocando um bandolim diferente, criado por ele, e em vez de oito, tem dez cordas. Tudo isso para expandir os horizontes musicais e dar uma voz protagonista ao choro, que ele considera sua língua materna.
“Quando eu comecei a tocar eu era muito pequeno. Eu nem lia, nem escrevia ainda e já comecei a tocar bandolim. Foi uma coisa que me pegou sem explicação”. Para Hamilton, o ambiente familiar exerceu forte influência em sua formação. “Meu paí é músico, meu irmão também, então a gente teve um ambiente musical muito agradável em casa. Ganhei o meu primeiro violãozinho quando eu tinha 5 anos de idade”.
Mesmo num ambiente favorável dentro de casa, Hamilton reconhece que também enfrentou dificuldades quando o assunto foi a escolha da música como carreira. “Em casa a minha mãe tinha medo, não queria que eu fosse músico. Por causa da instabilidade da profissão, que existe. Mas qualquer outra profissão, tem isso também. Depois eu fui crescendo e vi que na verdade se você se dedica, você estuda, você tem boas conexões, você pode se dar bem em qualquer profissão”.
Hoje ele se orgulha da carreira e diz que conseguiu passar para os filhos a paixão, a emoção e o bem que a música pode fazer na vida das pessoas. Hamilton de Holanda se diz privilegiado por conhecer os dois lados da música e vivenciá-la tanto na escola e na academia, quanto nos encontros informais das rodas de choro e de samba. Experiências que para ele contribuíram definitivamente para a sua formação musical.
O instrumentista acredita que a partir do momento em que se escolhe o caminho da música, estudar nunca é demais. E quando se trata de inspiração, para ele é importante estar sempre aberto a novos aprendizados e se arrisca num conselho: “Quanto mais a gente puder estudar ou ter contato com a música, com culturas diferentes, mas não só a música, mas ler um bom livro, assistir a um bom filme, ter um bom papo é bom. Porque essas boas coisas da vida alimentam mais do que a própria música”.
Admirador das obras de grandes compositores como Pixinguinha, Baden Powell, Hermeto Pascoal, Raphael Rabello e Chico Buarque, o artista acredita que a miscelânea cultural é o que melhor define a riqueza da música brasileira. “A nossa natureza é a mistura”. E é enfático ao definir o papel que as melodias e composições tem em sua vida. “Pra mim a música é praticamente uma religião. É como eu me comunico com as pessoas, é como eu agradeço, como eu faço as minhas orações. A música é trabalho, a música é educação. A música não é só o trabalho em si ela é tudo isso. E eu tento viver isso na plenitude”.
Por fim, na tentativa de definir o estilo musical que mais gosta, Hamilton de Holanda diz que o choro é o irmão mais velho enquanto o samba é o irmão mais novo. E que os dois são responsáveis pelo início da linguagem universal brasileira. “O choro é um gênero, mas é uma maneira de tocar também, é uma maneira de ver a música. E é a minha língua materna, a minha língua mãe. A gente aprende português, aprende a falar inglês, aprende a falar francês, aprende a falar alemão... E o choro é a minha língua que eu, a partir dele, posso aprender as outras músicas todas que tem por aí. Porque eu tenho essa essência muito fundamentada”, afirma.
Serviço:
Conversa com Roseann Kennedy – segunda-feira (10), às 21h30, na TV Brasil.