Lilia Moritz Schwarcz conversa com Raphael Montes sobre Lima Barreto

Publicado em 26/07/2017 - 14:25

Autora discute a obra do autor em um grande perfil biográfico

O programa Trilha de Letras recebe a antropóloga, historiadora e escritora Lilia Moritz Schwarcz para falar sobre Lima Barreto, homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip deste ano. 

O bate-papo com o apresentador Raphael Montes vai ao ar nesta quinta (27), às 21h30, na TV Brasil. O programa ainda conta com o depoimento de outras duas especialistas na obra do autor: as pesquisadoras Beatriz Resende e Luciana Hidalgo.

Durante a entrevista, Lilia Moritz Schwarcz comenta a biografia "Lima Barreto – Triste visionário" que foi lançada este mês após mais de uma década de pesquisa. A autora explica a escolha dos termos que emprega no título da publicação "Queria dar a ambivalência e a contradição que Lima Barreto carregou", conta.

Mulato, pobre, neto de escravos e muito inteligente. Lima Barreto foi um dos maiores prosadores da língua portuguesa de todos os tempos e ainda é moderno quase um século depois de seu triste fim na pobreza, na doença e no esquecimento.

A escritora trata da relação do jornalista com a Primeira República. "Lima Barreto é a grande testemunha da Primeira República. Testemunha é aquele que não deixa passar, fica para contar. Lima era isso: ele não deixava passar", afirma Lilia que completa o raciocínio. "É um autor muito difícil de definir como são os bons autores. Eles não cabem numa cápsula".

Ao analisar a questão racial contemporânea, à luz das reflexões propostas por Lima Barreto, a convidada acredita que é preciso avançar. "Ainda temos esse grande desafio pela frente. É hora de enfrentarmos. É a questão do protagonismo. A voz é de quem? Qual é o lugar de fala? Lima Barreto defendeu isso muito bem", pontua.

Segundo Lilia Schwarcz, ele fazia a diferença em sua literatura. "No começo do século XX, estamos falando de 1907, num país do pós-abolição, Lima Barreto tira essa questão do fundo. Lima Barreto tira os protagonistas negros do segundo plano e traz para o primeiro plano. Isso é muito raro", destaca.

Lilia traz a retórica do autor em sua biografia. "Tento incluir a voz do Lima Barreto. Até hoje quem discute a questão racial é considerada uma pessoa inconveniente, chata", conclui Lilia que também sugere a leitura de outras obras dele para além do conhecido título "Triste Fim de Policarpo Quaresma". A escritora ainda faz referência às outras biografias do jornalista, como a de Francisco de Assis Barbosa publicada em 1952.

Serviço:
Trilha de Letras – Lilia Moritz Schwarcz – quinta-feira (27), às 21h30, na TV Brasil.

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