"Levei o humor circense para a televisão", afirma o comediante durante o bate-papo
O humorista Dedé Santana é entrevistado no programa Conversa com Roseann Kennedy deste domingo (1), à meia-noite, na TV Brasil. Durante a conversa, ele conta para a jornalista episódios marcantes de sua trajetória dos picadeiros até a televisão, fala com carinho sobre os amigos da trupe de "Os Trapalhões" e recorda histórias felizes e tristes da carreira.
Manfried Sant’anna e se tornou conhecido como o Dedé de "Os Trapalhões". Integrante do quarteto humorístico mais popular da televisão brasileira, o comediante de 81 anos nasceu no meio circense onde foi palhaço, trapezista e chegou a fazer números no Globo da morte. Filho de mãe contorcionista e do palhaço Picolino, começou nos palcos com poucos meses de vida.
No decorrer do papo com a jornalista Roseann Kennedy, Dedé conta que viveu tempos de dificuldades e fez um pouco de tudo na vida: foi engraxate, ajudante de mecânico, verdureiro. Na vida artística, trabalhou na TV, no teatro e marcou várias gerações também no cinema.
Ator, dublador, diretor, roteirista, o o humorista atuou em mais de quarenta filmes durante a carreira. Dedé lembra com alegria de seus tempos com a divertida trupe de "Os Trapalhões".
"A gente vivia vinte e quatro horas juntos. Então um conhecia o outro no olhar. Hoje, isso é muito difícil de acontecer. As pessoas se encontram na hora da gravação com o texto na mão. A gente improvisava demais, né?", comenta no programa da TV Brasil.
Nomeado como Embaixador do Circo no Brasil, o artista diz que o picadeiro é o lugar onde ele mais gosta de estar, pois é ali onde ele se comunica direto com a plateia. E revela, com bom humor, um de seus maiores receios.
"Se a gente não agrada, a gente fica com medo do picadeiro. Se a plateia não ri pra gente é uma coisa terrível, uma angústia, porque a gente faz de tudo, a gente se mata, se joga no chão até fazer a plateia rir. E, às vezes, acontece...", pondera no diálogo com Roseann Kennedy.
Sobre a 'arte de fazer rir', Dedé se mostra um bom entendedor. "Mesmo no show de "Os Trapalhões" às vezes a gente entrava e a plateia não ria como de costume, né? Aí o Didi passava perto de mim e dizia 'Eles iam para um enterro e erraram o caminho'. A gente vivia brincando muito", reforça.
Do circo, Dedé guarda boas memórias mas também tristes lembranças. E se emociona ao contar sobre a perda de seu pai morto em um atropelamento antes da estreia de um dos espetáculos.
"Eu cheguei para a minha mãe e disse 'E agora mãe?' Ela respondeu. 'Nós vamos trabalhar. Nós vamos trabalhar porque senão nós não vamos ter dinheiro para fazer o enterro do seu pai'".
Em dias de casa lotada, com todos os ingressos vendidos, Dedé relembra comovido, sobre este episódio de sua vida. "Então eu e meu irmão velando o meu pai lá atrás, a gente entrava no picadeiro rindo, fazendo o público rir e quando a gente virava, a gente estava chorando. Parece brincadeira o que as pessoas falam, mas as vezes o palhaço está chorando e fazendo o público rir. Isso aconteceu comigo".
Da convivência com o pai, o humorista guardou grandes aprendizados. "Meu pai reunia os meus irmãos no circo e falava assim 'O público tem que ser respeitado. Para ser um bom artista, você tem que em primeiro lugar respeitar o público'. Então eu aprendi isso muito cedo no circo", destaca.
Hoje, Dedé brilha nos palcos com a peça "Palhaços" e vive um enredo que tem grande semelhança com a sua história de vida.
Serviço
Conversa com Roseann Kennedy – Dedé Santana – domingo (1), à meia-noite, na TV Brasil