Seca na barragem de Sobradinho é tema de reportagem especial da Agência Brasil

Publicado em 08/01/2016 - 17:45

Equipe da Agência Brasil visitou em dezembro a região do lago da barragem de Sobradinho, na Bahia, onde a seca revelou as ruínas das cidades abandonadas na época da construção, trazendo a tona as memórias dos antigos moradores. O drama da crise hídrica, causada pelas chuvas irregulares dos últimos anos na nascente do São Francisco, somado ao inusitado resgate histórico são o tema da reportagem especial Sobradinho – De volta ao sertão. O material inclui o texto, uma galeria de fotos do local e um vídeo com alguns dos depoimentos colhidos pela reportagem.

“Ao ouvir os relatos desses moradores das cidades inundadas, tentei recriar na minha cabeça aquela realidade que eles viveram e a dimensão do que significava ver hoje suas cidades-natal originais para poder passar essas impressões para o nosso leitor.”, conta a repórter Edwirges Nogueira. “A situação do Sobradinho acabou recriando um cenário do passado”, revela a jornalista, impressionada com cenas como a do antigo cais de Remanso, por onde o Rio São Francisco passa hoje como se nunca tivesse sido retido por uma barragem.

O fotógrafo Marcello Casal, que produziu as imagens usadas na reportagem, compartilha do espanto diante da desolação. “O que me chamou a atenção é dar de cara com uma área tão extensa, quanto a área represada e ver que ela tava seca”, relata. “Aí a gente faz o cálculo: se isso está aparecendo e a água bate num determinado ponto, imagina tudo aquilo cheio de água!”

A equipe ouviu depoimentos tocantes de quem reviveu a infância e a juventude ao ter a oportunidade de visitar a cidade de origem, antes submersa por mais de quatro décadas. Carlos de Castro, 63, reconheceu a casa onde morou seu sogro e sua atual esposa. “Estar no lugar onde você nasceu e se criou faz passar um filme na cabeça”, divaga. A professora aposentada Maria Lília Fernandes Castro, 66, até hoje lembra das reuniões com os engenheiros da Companhia Hidroelétrica do São Francisco e da resistência de alguns moradores ante a possibilidade de mudança.

As ruínas da escola onde Maria Lília dava aula foi um dos locais que a equipe de reportagem visitou. Na ocasião, ela externou a saudade que sentia daquele tempo e recordou como foi como eles saíram da cidade. “É interessante porque você tem todo glamour, toda saudade da cidade antiga, dos costumes, enfim, mas em compensação ela conta como hoje tem muito mais conforto do que naquela época”, observa Marcello.

Sobre os bastidores da apuração, Edwirges relata que a complexidade da reportagem foi a de abordar bem as várias dimensões envolvidas. “Antes de viajar, procurei desenhar as abordagens, mas ficar livre para lidar com aquilo que a gente não pode prever”, revela. Para Marcello, por sua vez, foi uma pauta gratificante e prazerosa. “A única dificuldade foi o sol, e a necessidade de cobrir muitos pontos em pouco tempo”, relata.

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